junho 23, 2009

Sylvia Plath

Sylvia Plath nasceu em Boston, EUA, em 1932. Colecionou vários prêmios ao longo de sua vida, um deles foi pelo conto Sunday at Mintons, que a levou para Nova York onde foi redatora da revista Mademoiselle.

No entanto, mesmo não se deixando levar pelo prestígio e reconhecimento, a artista, assolada por uma depressão crônica, cometeu a primeira tentativa de homicídio em 1953, fazendo a família interná-la para tratamento psiquiátrico. Ao se recuperar, Sylvia prosseguiu com os estudos, graduando-se com louvor. Em 1955, munida de uma bolsa Fullbright, partiu para Cambridge, onde conheceu Ted Hughes.

Casou-se em Junho de 1956, três meses depois de conhecer Ted, Sylvia retorna aos Estados Unidos para lecionar na Smith College. Entretanto, abandona a atividade, dedicando-se exclusivamente à poesia a partir de agosto de 1957.

Durante o período, Sylvia escreveu "The Colossus and The Others Poems". Em1960, nasce a primeira filha, Frieda, e seu livro é publicado. Em 1961, iniciou "The Bell Jar". Após o nascimento do segundo filho, Nicholas, Plath descobre a traição de Ted, que teria um envolvimento com Assia Gutman.

Depois de descobrir o envolvimento do marido com Assia Gutman, Sylvia Plath partiu para a fazenda em Devon, Estados Unidos, levando apenas os filhos. Em junho de 1962, quando Plath, diante da paisagem bucólica e cercando as crianças de mimos e cuidados, produziu incessantemente, resultando nos poemas reunidos sob o título de "Ariel" (1963).

Numa manhã gelada de 11 de fevereiro de 1963, Sylvia, após ter vedado cuidadosamente o quarto dos filhos, preparado o leite e colocado o copo ao lado da cabeceira das crianças, ela ligou a torneira do gás de cozinha, inspirando o ar e morrendo asfixiada. Vítima de uma depressão crônica, Sylvia não hesitou usar a morte para superar a decepção com o marido.

Sylvia Plath é daquelas artistas de quem não se pode dissociar a vida da obra. É uma poetisa confessional. Seus textos mais brilhantes refletem suas experiências existenciais.


Obras
"The Colossus" (1960), coletânea de poemas.
"The Bell Jar" (1963), A Redoma de Vidro, único romance da autora.
"Ariel" (1965), poemas.
"Crossing the Water "(1971), A Travessia da Água, coletânea de poemas.
"Johnny Pannic and the Bible of Dreams" (1977), Zé Susto e a Bíblia dos Sonhos, livro de contos e prosa.
"The Collected Poems" (1981), poemas inéditos.


Cinema
O filme "Sylvia - Paixão além das palavras" de 2003, com Gwyneth Paltrow, retrata a relação conturbada de Plath com Hughes. (Muito bom esse filme, por sinal).
*
*
Perseguição

"Há uma pantera me esperando de tocaia:
Algum dia vou morrer graças a ela;
Sua gana ateou fogo nas florestas,
Ela espreita, envolvente como a lua.
Muito macio e suave desliza seu passo,
Avançando sempre pelas minhas costas;
Da cicuta soturna, gralhas gritam desastre:
A caçada começa, o cerco está armado.
Esfolado por espinhos eu percorro pedras,
Ressecado pelo calor branco do meio-dia.
Ao longo da rede vermelha de suas veias
Que fogos correm, que desejos despertam?

Insaciável, ela explora e pilha o território
Condenado pela falha de nossos ancestrais,
Gritando: sangue, que o sangue jorre mais;
Carne tem que encher na sua boca o rasgo novo.
Afiados os dentes dilacerantes e doce
A chamuscada fúria de sua pelugem;
Seus beijos deixam crestas, as patas, fuligem,
Só um juízo final consumirá sua fome.
No rastro da grande felina encarniçada,
Acesos como tochas para sua diversão,
Homens tostados e devorados no chão
Viram iscas de sua fúria esfomeada.

Morros já tramam perigo, a sombra se incuba;
A meia-noite encobre o bosque opressor;
A saqueadora negra, atrelada pelo amor
Nos quadris fluentes, me força à fuga.
Por trás do matagal confuso dos meus olhos
Fléxil ela espera; na emboscada dos sonhos,
Brilhantes as garras que estraçalham corpos
E famintas, famintas, suas tensas coxas.
Seu ardor me enlaça, incendeia as árvores,
E eu fujo com minha pele já flamejante;
Qual acalanto, qual alívio será frio bastante
Quando esse olhar de topázio queima e marca?

Lanço-lhe meu coração para frear seu ritmo,
Desperdiço sangue para saciar sua sede;
Ela come, mas não alivia sua ansiedade,
Que requer compulsiva um total sacrifício.
Sua voz me alicia, me enfeitiça em transe,
A floresta estripada desmorona em cinzas;
Apavorado por desejo secreto, fujo ainda
De um ataque tão violento e rutilante.
Entrando na torre dos medos mais sentidos,
Fecho as portas da minha culpa sinistra,
Eu tranco a porta, tranco toda e cada porta.
O sangue acelera, retumba nos ouvidos.

Os passos da pantera vêm pelas escadas,
Subindo mais, subindo mais pelas escadas."

(Sylvia Plath)

2 comentários:

Mari Thomé disse...

Gostei muito deste poema e de outros que já li dela. Mas confesso que passei da fase Spleen há algum tempo :P

Saudades de ti, guria!!
BEIJOS!!

Simone disse...

bá... AMO!!! tens livros delas Lé? me empresta?

bjosss