julho 03, 2007

Pequena História

Ela chega em casa tarde, teve um dia difícil no trabalho, entra em casa afaga o gato que a espera na porta como todos os dias, larga a bolsa, liga a tv. Vai até a cozinha, troca a comida e a água do gato, volta ao quarto, troca de roupa, retorna a cozinha e abre a geladeira, fica lá olhando para dentro da geladeira, talvez esperando que alguma inspiração saia lá de dentro.
Olha a garrafa de vinho e resolve tomar uma taça de vinho em vez de seu costumeiro chá, volta para o seu quarto com a taça de vinho e umas bolachinhas, não esta a fim de fazer nada para comer, umas bolachinhas devem bastar.
Pega um livro na pilha de livros que estão na estante, à maioria ainda nem foliados, senta na sua poltrona, puxa um cobertor, está bem frio, e se acomoda para ler, uns minutos depois o gato vem, pula para a poltrona e se aninha sobre seus pés.
Ela faz um carinho no gato, que ronrona e adormece.
Entre pequenos goles de vinho ela fecha o livro e começa a pensar em sua vida, nas coisas que aconteceram, nas decepções que teve, na magoa que ainda sente, na dor que ainda lhe incomoda.
Ela se sente sozinha, queria estar com alguém que a completasse, que a amasse e que ela amasse, queria algo real e verdadeiro, queria poder esquecer alguns fatos do passado, quer muito seguir adiante, mas sabe que primeiro precisa deixar que certas coisas se curem, que certos sentimentos sumam e isso a entristece. Os olhos se enchem de lágrimas, lembranças teimam em voltar, ela se sente confusa, sem saber o que fazer, quer desesperadamente esquecer, mas não consegue, pelo menos não por agora.
Queria não estar sozinha, queria voltar para casa e ter alguém lhe esperando, queria dividir suas tristezas, angustias e alegrias com alguém, afinal não é mais uma garotinha, esta quase com trinta anos e isso a assusta. Pensa que do jeito que as coisas andam provavelmente ira ficar solteira, velha e cheia de gatos, então o gato se mexe, se espreguiça languidamente e a olha, com um olhar tão terno e cheio de carinho que ela se emociona, o afaga e se sente grata por ter aquele pequeno bichano que lhe faz companhia e lhe dá carinho incondicionalmente.
Ela pega o gato no colo e o leva para cama, é hora de dormir e como todas as noites ele ira dormir com ela, ela se deita, coloca o relógio para despertar, desliga a TV, o gato se acomoda nos seus pés, da um pequeno bocejo e dorme.
Ela demora um pouco a pegar no sono, sua cabeça está cheia de coisas, se fira para um lado e por um instante deseja que alguém estivesse ali, ao seu lado para abraçá-la, acalmá-la, para lhe dizer que tudo vai passar, que ela vai ficar bem.
Ela se vira para o outro lado, o sono está demorando, ela quer apenas dormir, quem sabe amanhã as coisas sejam diferentes, algo mude, ou simplesmente o vazio que ela sente vá embora.
Ela continua com seus devaneios e aos poucos o sono vai chegando e seu último pensamento é que no dia que alguém a olhar tão carinhosamente como aquele olhar felino ela será a mulher mais feliz do mundo e se pergunta se algum dia alguém ira lhe olhar da mesma forma como o seu gato, ela suspira e adormece em meio a esses pensamentos.
(By Lé)

3 comentários:

Guiga disse...

Lé...o amor de um animal (sejá gato ou cachorro) sempre será maior (ou pelo menos incondicional) que de um humano.
E a idéia de ficar solteira para o todo sempre, rodeada de gatos, não me desagrada tanto assim! Hehehe!
Alguma vez teus gatos já te fizeram sofrer? Quantas vezes eles te decepcionaram? Pois é...!
Beijinhos!

Nessita! disse...

lindo esse teu texto! também acho que animais amam mais incondicionalmente, também queria que alguém me olhasse do jeito que o Batata me "namora"...

lembra q a gente falava em ficar velha dividindo uma casa cheia de gatos? As velhas dos gatos hahahaha

bjus

Guiga disse...

Vamos combinar, né? Nós 3 juntas somos a festa da população felina de Porto Alegre! Hehehehe!